Wednesday, August 09, 2006
Pretedendo divagar por aí, invoco o poder da escrita.
Os miares dos gatos ao abandono envolvem-me numa noite de nostalgia desconhecida. Ou será ocultada?!? Pois como se pode sentir nostalgia num sítio onde não se esteve?
Ouço os sons do mar a inundarem-me o peito. toda a calma azul daquele mar brincalhão ali ao fundo do Castelo. Um mar tão meigo, que sinto o seu chamamaneto. Aquele mar quer que eu me embrulhe nele, e o meu corpo deseja-o. Resta a minha existência (e insistência) para quebrar as empatias.
Deixo-me relaxar, sem destino, entre as ideias trazidas pelos fantasma do Acaso.
Sempre muito dispersa, mas finalmente longe, à distância que precisava de estar.
Envolvo-me em sons que me são estranhos, com o passar apressado dos segundos no meu relógio de bolso.
Fico à espera daquele toque mágico que me conduza, me movimente.
Um rasgo de verde na minha janela
soando como um canto de pássaro matinal
Esperguiça-se perante os meus olhos doridos.
Dores de passos pela casa pela madrugada.
A cabeça pesa, muito mais do que as folhas lá fora.
Resvalo.
26 de Julho de 2006
soando como um canto de pássaro matinal
Esperguiça-se perante os meus olhos doridos.
Dores de passos pela casa pela madrugada.
A cabeça pesa, muito mais do que as folhas lá fora.
Resvalo.
26 de Julho de 2006
A incandescência da chuva

A chuva é sempre incandescente?
Ouvi falar acerca da incandescência da chuva, que por vezes cai com a cadência de minúsculas gotículas curvilíneas e lineares a gemas, com reflexos pingados de orvalhos nítidos.
A chuva caiu, incandesceu a atmosfera com o seu cintilar anguloso e triunfantes. Rompendo as searas e o pores dos sois embriagantes de tons de fogo.
Ao tocar no chão, grãos de pó na terra seca agregam-se, rodeando a gotícula, cristalizando e testando a tensão superficial que se gera em seu torno.
A bola de gota que caiu longos quilómetros pelo céu afora, vai-se transformando em bola de terra, que espelha o seu aroma indescritível e arrepiante pelo ar, quebrando a pestilente atmosfera dos esgotos da cidade.
A chuva é incandescente – eu vi, chuviscos longos e demorados caírem do céu aberto sobre o fogo, e a incandescência da chuva alimentou esse fogo.
A incandescência da chuva a moer as cinzas, tornando-as uma pasta moldável fértil e progressiva.
A incandescência da chuva sobre a areia muito fininha, o contacto que aquece o mar sobre os nossos corpos.
A incandescência da chuva, que nos queima as ideias e os pensamentos.
Por isso continua a chover lá fora.

As palavras perdem-se ao sabor sinuoso do Tempo que urge.
Vagueio enquanto me é permitido aguentar este peso maligno, enquanto tudo em meu redor são destroços empoeirados pelo Tempo.
Acordes que me acordam para a vida como lâminas de bisturi noutras dimensões, onde gatos miam e espelhos partidos não dão azar.
Liberto-me dos medos que visto, ergo-me da minha carapaça passiva e triste e solto as palavras no crepúsculo matutino do dia em vão.
Ergo-me na fraqueza do sonho incógnito, grito enquanto o sangue vai descongelando, e, lentamente, percorre as veias atrofiadas pelo silêncio dos movimentos.
Arrasto-me até chegar ao cimo da montanha, onde se abre uma porta do Universo, os portões invisíveis da Alma, encantamentos aromatizados pelo Alecrim divino divinorium
Largo tudo o que veio comigo...
Vagueio enquanto me é permitido aguentar este peso maligno, enquanto tudo em meu redor são destroços empoeirados pelo Tempo.
Acordes que me acordam para a vida como lâminas de bisturi noutras dimensões, onde gatos miam e espelhos partidos não dão azar.
Liberto-me dos medos que visto, ergo-me da minha carapaça passiva e triste e solto as palavras no crepúsculo matutino do dia em vão.
Ergo-me na fraqueza do sonho incógnito, grito enquanto o sangue vai descongelando, e, lentamente, percorre as veias atrofiadas pelo silêncio dos movimentos.
Arrasto-me até chegar ao cimo da montanha, onde se abre uma porta do Universo, os portões invisíveis da Alma, encantamentos aromatizados pelo Alecrim divino divinorium
Largo tudo o que veio comigo...